18/06/2015

18/06/2015

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OnePlus à beira do precipício


Mal sabia eu ontem, ao escrever o artigo das notícias do dia, que a OnePlus estava a poucas horas de divulgar oficialmente qual o processador que vai equipar o seu OnePlus 2.

As notícias em redor do Snapdragon 810 não eram nada animadoras, e o CEO da OnePlus já tinha confirmado o processador.
Surge agora no fórum da OnePlus uma longa declaração onde se explicam as razões que levaram à escolha do Qualcomm Snapdragon 810 para equipar o OnePlus 2.

Cooler than ever, não se coíbe a OnePlus, ao citar a Qualcomm. Se fosse Cooler than hell, eu até acreditaria.

A argumentação assenta na utilização de uma nova versão (2.1) do Snapdragon 810, o que será refrigerado por um engenhoso sistema de gel e grafite. Estes componentes permitiram uma dissipação mais eficaz do calor produzido por esta chaleira este processador. Paralelamente o software será capaz de balancear a carga por forma a melhor gerir a utilização de cada núcleo, minimizando também o calor produzido.

É uma jogada arriscada. Será o sistema de arrefecimento assim tão mais eficaz que os já existentes? Lembro-me da utilização do Huawei P8 e dos seus 8 núcleos A53, onde o corpo metálico aquecia sempre que se puxava pelo conjunto. Com os A57, como irá a OnePlus tratar a questão? Vamos ter de utilizar luvas? :D
Software para reduzir o calor produzido, pois bem, não há milagres, temos a redução da "aceleração" do processador, com a natural perda de eficiência.

Esta solução acarreta ainda outro problema. Ficará este código de baixo do OxygenOS? Ou será público?
Caso não seja disponibilizado, as ROMs alternativas ficam desde logo afastadas devido à impossibilidade de gerir o aquecimento do processador. Claro está que poderá sempre aparecer um carola que desenvolva o código necessário para  controlar o desempenho do processador, mas é melhor não contar com milagres.

Temos agora que analisar esta situação à luz dos dados conhecidos. Samsung e Huawei, com os seus Exynos e HiSilicon Kirin. Quais eram as alternativas?
Os processadores NVIDIA não estão nos smartphones, sobram os MediaTek e Intel.

Os MediaTek poderiam ser uma jogada de risco, mas apostar num vulcão em ebulição também não o é? Com Sony, Huawei, HTC, Lenovo e Xiaomi por exemplo a irem por este caminho, não seria de abrir igualmente a porta à MediaTek?
Até agora não tivemos um processador digno de um topo de gama, mas a coisa parece estar para mudar com o X20. Risco por risco, não aquecia tanto.

A Intel seria outra das possibilidades, talvez mesmo a mais consistente. A Asus tem apostado nestes processadores para os seus ZenFone, e o novo Asus Zenfone 2 ZE551ML está posicionada exactamente no segmento que a OnePlus joga a sua cartada.
Se funciona para a Asus, porque não seria também uma boa solução para a OnePlus? Sim, a dimensão do negócio é muito diferente, mas talvez fosse melhor ganhar menos (se possível) ou vender mais caro (inevitável), mas com garantias de funcionamento de acordo com o esperado.


Paralelamente a esta situação temos a imagem da marca, que tem constantemente sido abalada com episódios rocambolescos.
Para uma entidade que vive do passa palavra, e onde quer se queira, quer não, os geek ainda são o seu sector preferencial, é estar a correr demasiados riscos.

Dou como exemplo as respostas ao anúncio publicado no fórum da OnePlus. Foram necessárias 7 páginas de comentários para que houvesse o primeiro utilizador a questionar a opção, avançando com o vídeo ontem publicado.
Bem se sabe que a maioria dos utilizadores pura e simplesmente passa por cima dos comentários anteriores, mas depois de vários comentários iguais, a informação continuava a ser ignorada. "Espectáculo" " Brutal" "Óptimo", eram estes os comentários mais frequentes.

Com um publico alvo como este, como irá a OnePlus reagir quando começarem a chover nas redes sociais os (mais que prováveis) relatos de aquecimento e perda de performance?
O passa palavra irá funcionar da forma como a OnePlus não deseja, afastando os seus clientes.

A fasquia estava elevada, e a OnePlus tinha exacta noção disso mesmo. Acredito tudo tenha sido meticulosamente ponderado, mas as previsões não são nada animadoras.

Poderá uma empresa que está a dar os primeiros passos sobreviver a um embate desta dimensão?

Nota: A OnePlus está furiosa. Meus caros, temos pena. Até prova em contrário, é esta a nossa posição.





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